Restrição hídrica impacta produção de cana e Conab estima 666,4 mi t em 2025/26
- Ecoflex Trading
- 4 de nov.
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O clima adverso, com restrição hídrica, irregularidades de chuvas e excesso de calor, registrado em fase de desenvolvimento das lavouras, principalmente no Centro-Sul, ainda em 2024 e em parte deste ano, influenciaram na produção da safra de cana-de-açúcar na safra 2025/26.
A área estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a cultura no atual ciclo é de 8,97 milhões de hectares, 2,4% superior em comparação com 2024/25. Mas este aumento não compensa as perdas de 3,8% na produtividade média nacional do ciclo 2025/26, projetada em 74,26 toneladas por hectare, influenciada pelas condições climáticas menos favoráveis.
Neste cenário, a produção esperada para a cana na atual temporada é de 666,4 milhões de toneladas, redução de 1,6% em relação à 2024/25, conforme indica o terceiro levantamento para a cultura divulgado nesta terça-feira, 4, pela Conab. O valor também representa queda de 0,4% ante a projeção anterior, de 668,8 milhões de toneladas.
Principal região produtora de cana do país, o Sudeste deve registrar uma colheita de 420,2 milhões de toneladas, 4,4% inferior ao registrado em 2024/25. O maior recuo é observado em São Paulo, maior estado produtor da cultura, com 18,2 milhões de toneladas a menos a serem colhidas na atual safra.
De acordo com a Conab, essa redução se deve, principalmente, às condições climáticas como seca, altas temperaturas e incêndios em parte dos canaviais, observados no estado paulista, que comprometeram a rebrota e desenvolvimento das lavouras.
Um cenário semelhante foi registrado pela Conab nas lavouras de cana no Norte do país. Mesmo com o aumento na área na safra 2025/26, as condições climáticas mais restritivas devem resultar em uma leve redução na produção, totalizando 4 milhões de toneladas a serem colhidas.
No Centro-Oeste, o clima também traz impactos na produtividade das lavouras, conforme a entidade, resultando em 77,02 toneladas por hectares na média das lavouras na região, uma queda de 1,9% em relação à temporada passada. Mas com um aumento de 6% na área colhida, saindo de 1,85 milhão de hectares no ciclo anterior para 1,96 milhão de hectares em 2025/26, a produção deve registrar um crescimento de 3,9%, sendo estimada em 151 milhões de toneladas.
No Nordeste, a expectativa é de uma colheita de 55,1 milhões de toneladas de cana em 2025/26, incremento de 1,3% em relação à temporada passada. Segundo a Conab, a produtividade média deve se manter dentro de uma estabilidade, estimada em 60,63 toneladas por hectare, enquanto a área deve crescer 1,2%, saindo de 897,5 mil hectares em 2024/25 para 908,2 mil hectares neste ciclo.
Já no Sul do país, a Conab espera aumento tanto de área como de produtividade, favorecido pelas precipitações superiores às observadas no ciclo anterior. Com isso, a produção esperada para 2025/26 é de 36,2 milhões de toneladas, alta de 7,7%.
Produtos
A menor disponibilidade de cana na atual limita o aumento esperado para a produção de açúcar. Ainda assim, a produção do adoçante foi estimada pela Conab em 45 milhões de toneladas, uma elevação de 2% em relação à safra anterior.
Caso o resultado se confirme, de acordo com a entidade, este será o segundo maior volume na série histórica, atrás apenas da temporada 2023/24 quando foram produzidos 45,68 milhões de toneladas de açúcar.
Já a produção total de etanol no ciclo 2025/26, somada às origens de cana-de-açúcar e de milho, deve atingir 36,2 bilhões de litros, o que corresponde a uma redução de 2,8% frente ao resultado obtido em 2024/25.
De acordo com a Conab, a queda é influenciada pela diminuição de 9,5% do combustível oriundo da cana, podendo chegar a 26,55 bilhões de litros, uma vez que a fabricação do etanol de milho deve registrar um aumento de 22,6% quando comparada com a safra passada, estimada em 9,61 bilhões de litros.
Do total de etanol produzido, 13,58 bilhões de litros serão de anidro, enquanto 22,16 bilhões de litros se referem ao etanol hidratado.
Mercado
O açúcar brasileiro registrou 17,7 milhões de toneladas exportadas de abril a setembro deste ano, queda de 9% em relação ao mesmo período da safra anterior.
Segundo a Conab, mesmo com mix de produção mais favorável ao açúcar, a menor qualidade da matéria-prima, influenciada pela menor qualidade do Açúcar Total Recuperável (ATR), limita os ganhos de produção por tonelada.
Além disso, a entidade observa que, em setembro, as usinas registravam “formação robusta” de estoques de açúcar bruto de cor marrom clara e com alto teor de sacarose, elevando a relação estoque-exportação.
Este cenário, segundo a Conab, contribui para a pressão baixista observada na bolsa de Nova York no início de outubro, à medida que projeções externas incorporaram produção brasileira ligeiramente maior e demanda interna mais fraca, ampliando o excedente exportável.
Ainda assim, o ajuste do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no consumo doméstico, revisto para aproximadamente 9 milhões de toneladas, pode favorecer a retomada gradual dos preços do açúcar cristal no mercado físico ao longo do quarto trimestre, com a sazonalidade do consumo.
Já para o etanol, as vendas no mercado interno seguem em bons patamares, sobretudo para o anidro, refletindo maior demanda pela mistura e reposição de estoques pelas distribuidoras. Já o hidratado segue sensível à paridade com a gasolina e ao câmbio.
Com a safra avançando para a reta final, o ATR baixo, a oferta total ainda retraída e as vendas de anidro firmes, o etanol tende a operar em faixa estável à ligeiramente firme no quarto trimestre, acredita a Conab.
Levantamentos da Conab
Ao longo do ano-safra, a Conab faz quatro estimativas da cana-de-açúcar.
Os números e o comparativo entre os levantamentos estão presentes em uma planilha completa no NovaCana DATA, que inclui gráficos e o histórico das safras desde 2014/15. O acesso é exclusivo para assinantes.
FONTE: https://www.novacana.com/





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