As vendas de etanol começaram a nova safra sucroalcooleira do Centro-Sul (2022/23) em um ritmo mais aquecido, impulsionadas tanto pela maior demanda por combustíveis do ciclo Otto como pela correlação de preços mais favorável ao etanol hidratado do que à gasolina no início do mês em importantes polos de consumo.
Como resultado, o volume de etanol comercializado pelas usinas do Centro-Sul na primeira metade de abril cresceu 6,7% ante o mesmo período do ciclo passado e alcançou 1,054 bilhão de litros, de acordo com números divulgados ontem pela União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica).
As vendas superaram o volume de etanol produzido na região no período, uma vez que a moagem de cana começou em ritmo mais lento. Com isso, foram consumidos estoques ainda da temporada passada. Esses estoques iniciaram o novo ciclo em 1,1 bilhão de litros de etanol hidratado e pouco mais de 1 bilhão de litros de anidro (adicionado à gasolina).
Na primeira quinzena de abril, cresceram tanto a comercialização do etanol hidratado quanto a do anidro. O volume de vendas do hidratado aumentou 28% na comparação com o mesmo período de 2021, para 678,3 milhões de litros. Na quinzena, o biocombustível foi mais competitivo do que a gasolina nos postos de São Paulo, Minas Gerais e Goiás.
Essa vantagem porém, já desapareceu. Nesta segunda metade de abril, os preços do etanol hidratado subiram mais que os da gasolina e superaram o patamar de 70% de paridade nesses três Estados. Acima desse patamar, o biocombustível deixa de ser vantajoso para a média da frota flex brasileira. Nos postos paulistas, a correlação já chegou a 76% na última semana, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
As vendas do anidro ao mercado interno, por sua vez, aumentaram 12% na primeira quinzena do mês, para 348,3 milhões de litros. Também houve crescimento das vendas para o mercado externo - de 57%, para 27,4 milhões de litros.
Para Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica, o cenário para as vendas de etanol neste ano depende do que vai acontecer com o consumo de combustíveis do ciclo Otto, destinados aos veículos leves. As estimativas, por enquanto, são de incremento de 1% a 4% nas vendas. "Ainda vai ser um volume inferior ao de 2019", disse Padua.
O executivo avalia que as usinas de cana tenderão a uma produção mais alcooleira do que na safra passada e ressaltou que haverá um novo crescimento da produção de etanol de milho, o que deve resultar em uma oferta total maior do que na safra passada.
Padua discordou da estimativa divulgada na quarta-feira pela Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), que previu redução de quase 2 bilhões de litros na produção de etanol a partir da cana no país. Ele lembrou, no entanto, que a estatal fez o levantamento em campo há dois meses, quando o horizonte era diferente.
Fonte: www.udop.com.br
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