O número de usinas do Centro-Sul com início de moagem antecipada da nova safra de cana-de-açúcar será pequeno comparado com o total registrado em março de 2021, afirmou à Reuters o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues.
De acordo com ele, o setor tem estoques de açúcar e etanol e aguardará o desenvolvimento dos canaviais para obter melhores produtividades.
Após problemas climáticos em 2021, não houve tempo do desenvolvimento de muitas lavouras que poderiam ser colhidas antecipadamente em março, algo que acontece em alguns anos permitindo uma maior moagem antes mesmo do início oficial da safra, em 1º de abril.
“Não tem cana pronta para iniciar a safra. Provavelmente, as empresas estão vendo que a produtividade está baixa e é muito melhor esperar alguns dias para iniciar a moagem do que antecipar com baixa produtividade e com grandes prejuízos”, afirmou Padua Rodrigues.
Mais cedo, ele havia afirmado em nota que “poucas unidades devem iniciar a moagem do ciclo 2022/23 no mês de março, quando comparado à safra 2021/22”.
Segundo a Unica, na primeira metade de março apenas dez unidades produtoras operaram, sendo uma usina que utiliza exclusivamente cana, seis de empresas que produzem etanol de milho e três unidades que utilizam as duas matérias-primas.
Esse número representa um terço das unidades em operação no mesmo período de 2021 e um quarto em relação a 2020.
“As empresas se programam geralmente no final da safra, levando em consideração a capacidade de moagem e o aproveitamento de tempo. Em abril, volta a ter um número significativo de empresas (em operação), iniciando tanto na primeira quinzena quanto na segunda”, afirmou.
Ele não especificou um número de unidades previstas para abril. Conforme dados da Unica, 147 usinas estavam em operação na primeira quinzena de abril de 2021. Já no mesmo período de 2020, quando a safra do Centro-Sul foi acima de 600 milhões de toneladas, 180 usinas operaram na primeira parte do primeiro mês da safra.
Estimativas recentes de consultores privados apontam um crescimento da nova safra para algo em torno de 560 milhões de toneladas, em recuperação em relação ao ciclo atual (2021/22), finalizado perto de 520 milhões de toneladas, mas distante dos mais de 605 milhões de 2020/21.
Estoques suficientes
Segundo o diretor da Unica, apesar de a produção se intensificar apenas em abril, os níveis atuais de estoque de açúcar e etanol nas usinas são suficientes para abastecer o mercado neste final da entressafra e em abril.
“As usinas se prepararam e o nível de etanol estocado é suficiente para atender o mês de abril; e aí vem a nova safra e repõe os estoques. O setor é o único agente que faz o carrego de estoques. Todo o estoque hoje fica na mão do produtor. Tanto as distribuidoras quanto as revendas trabalham apenas com estoque operacional”, comentou.
Ele lembrou ainda que, no caso do etanol anidro, há contratos que garantem a oferta aos distribuidores. Já em relação ao açúcar, Padua disse que o setor também tem estoque disponível para cumprir os contratos no próximo mês.
“Tem açúcar para embarcar em abril. Não tem uma necessidade de ter prejuízo enorme (iniciando antes a colheita). [As usinas] vão fazer um melhor manejo de colheita, e isso sempre vai buscar o melhor resultado em termos de açúcar, de Açúcar Total Recuperável (ATR) por hectare”, afirmou.
Na penúltima quinzena da safra 2021/22, a moagem de cana atingiu apenas 142,4 mil toneladas no Centro-Sul, recuo de mais de 90% ante o volume de 1,68 milhão de toneladas da primeira quinzena de março de 2021.
Mais uma vez, não foi registrada produção de açúcar em uma quinzena, o que vem acontecendo nesta entressafra. A produção de etanol, por sua vez, atingiu 168,3 milhões de litros (-17% na comparação anual), sendo 156,4 milhões fabricados a partir do milho.
As vendas de etanol hidratado no mercado interno pelos produtores alcançaram 632,03 milhões de litros na primeira quinzena de março, com redução de 19,14% sobre o montante apurado neste mesmo período em 2021, segundo a Unica.
“o movimento de recuperação nas vendas de etanol hidratado permanece, pois apesar da retração registrada quando comparado com o ano anterior, o avanço no volume comercializado em relação a segunda quinzena de fevereiro foi de 17,33%”, afirma Padua.
Fonte: www.novacana.com
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