Descarbonizar a aviação civil internacional até meados do século vai custar US$ 5 trilhões em investimentos, ou US$ 178,6 bilhões por ano entre 2023 e 2050 e quase um terço desse financiamento poderia vir de redirecionamento dos subsídios dados aos combustíveis fósseis, mostra um roteiro da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, em inglês).
A indústria se comprometeu a chegar a 2050 com emissões líquidas zero, o que exigirá uma profunda transformação em todo o setor.
Desde tecnologias de aeronaves até novos modelos de abastecimento, como combustível de aviação sustentável (SAF, em inglês), hidrogênio ou baterias, passando por infraestruturas aeroportuárias e melhorias operacionais, há um longo e dispendioso caminho até a descarbonização.
Esta semana, a Iata publicou um conjunto de roteiros para ajudar os players em suas jornadas. E direcionar as demandas políticas para viabilizar investimento.
"Como as iniciativas políticas estabelecem a base para muitas das inovações e ações necessárias, esses roteiros serão um ponto de referência fundamental para os formuladores de políticas", explica.
No roteiro de finanças, o grupo destaca que a quantidade de recursos é grande, mas não é impossível de mobilizar.
É questão de definir prioridades. Entre 2010 e 2021, os governos gastaram R$ 55,6 bilhões por ano em subsídios aos combustíveis fósseis.
Além disso, novos desenvolvimentos e exploração de petróleo e gás devem receber mais de três vezes todo o financiamento anual necessário para alcançar a transição da aviação, um total de US$ 570 bilhões, até 2030, calcula o Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável.
Como exemplo de que ´dá para fazer´, a Iata menciona os investimentos em eólica e solar entre 2015 e 2022, que chegaram a montantes semelhantes aos necessários na aviação.
"Essas duas indústrias empregaram 12,7 milhões de pessoas em todo o mundo em 2021, segundo a OIT, o que compara com os 11,3 milhões de pessoas diretamente empregadas na aviação civil global. Visto sob esse prisma, a transformação necessária na aviação parece possível", defende a associação.
A resposta óbvia é política pública. O estudo observa que o mundo está encontrando dificuldades para realizar a realocação do capital global, seja ele público ou privado, na descarbonização da economia.
Além de chegar a um acordo sobre "métricas harmonizadas e padronizadas", o que vai mudar o comportamento do capital -- a exemplo do que aconteceu na eólica e solar -- são as medidas de apoio governamental.
"Isso é particularmente importante durante os estágios iniciais de introdução de uma nova tecnologia no mercado", destaca o documento.
"Espera-se que a maior parte dos fundos e apoios públicos seja necessária durante o período de 2030 a 2040, quando ocorre o aumento da produção e o desenvolvimento de oportunidades de mercado. (...) Depois de 2040, a maior parte das tecnologias terá amadurecido o suficiente para poder contar com o financiamento tradicional do mercado de capitais", conclui.
Fonte:https://www.udop.com.br/
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