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Tecnologia desenvolvida no Brasil pode ajudar na transição para veículos movidos combustíveis novos


Uma tecnologia desenvolvida aqui no Brasil pode ajudar o país na transição para veículos movidos por novos combustíveis.


A gestação do motor que nasceu em 2003 foi longa, começou mais de dez anos antes: o flex foi concebido para resolver um problema imediato: a falta de álcool nos postos. O que tinha ainda custava caro, porque as usinas de cana diminuíam a produção de etanol toda vez que o preço do açúcar aumentava no mercado internacional. O Proálcool, programa federal criado para driblar a crise mundial do petróleo, agonizava.


Bruno Bragazza, gerente de inovação da Bosch, estava na conversa dos engenheiros que tiveram a ideia do motor flex.


"Uma equipe pequena aqui da engenharia falou assim: ?´Poxa, mas e se a gente misturasse os dois combustíveis e o consumidor pudesse ter a opção de escolha e decidir: ?´ah, eu quero etanol ou eu quero abastecer com gasolina?´. E foi assim que tudo começou", conta.


A linha de produção abriu espaço para criar o cérebro do novo motor, um sistema desenvolvido para identificar se é álcool, gasolina ou a mistura dos dois no tanque. A bomba de combustível, o coração do carro, também precisou de mudanças.


Bem mais do que 20 anos atrás, quando o etanol ganhou escala, ninguém estava muito preocupado em usar um combustível mais limpo por causa do meio ambiente. O que contava era o preço. Por isso, quando começou a não valer mais a pena, o consumidor abandonou a ideia.


Foi o flex que colocou o etanol de volta no jogo e, bem no momento em que o mundo todo pensa em como reduzir as emissões de carbono, 85% da nossa frota já roda também com álcool.


Os especialistas dizem que essa tecnologia colocou o Brasil em uma posição de vanguarda. Agora, resta saber qual o próximo passo, como serão abastecidos os carros do futuro.


Os pesquisadores de um laboratório da Universidade Estadual de Campinas, no interior de São Paulo, respondem: com etanol, mesmo que seja para movimentar um carro elétrico. A mágica acontece dentro de uma peça, chamada microrreformador: entra etanol, sai hidrogênio, que gera eletricidade a partir de uma reação química.


"O consumidor vai abastecer o veículo dele com etanol. E até mais: pode ser o etanol mais diluído em água do que nós temos hoje. E isso vai baratear o custo do etanol e aumentar o quilômetro rodado por litro de etanol que se produz hoje", explica o professor Rubens Maciel Filho, do Laboratório de Valoração de Petróleos da Unicamp.


Isso também quer dizer menos emissão de gás carbônico, além da captura do poluente durante o crescimento da cana-de-açúcar. São avanços em direção a novas fronteiras tecnológicas.


No campo, a novidade é o etanol gerado a partir do milho. Ele já representa 15% de toda produção nacional, segundo a associação do setor.


"A gente aproveita só um pedaço do milho para fazer etanol. A gente usa o amido. A gente consegue olhar para essa história de 20 anos e ver tudo o que já foi feito; e é muita coisa. Mas o mais interessante é o quanto isso vai além", diz o presidente da Unica - União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia -, Evandro Gussi.


"A gente está super feliz e orgulhoso de ter feito parte desse desenvolvimento, que acabou também resolvendo uma questão que hoje está muito em pauta, que é a questão da transição energética", vibra Bruno Bragazza.


"A ciência trabalha assim - a ciência e tecnologia -, no sentido de vislumbrarmos soluções e aplicações para aquilo que nós não temos hoje ainda", afirma o professor da Unicamp.


Fonte:https://www.udop.com.br/

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