Mesmo com as perspectivas de poucas mudanças para o valor do açúcar total recuperável (ATR), a retração dos preços dos principais insumos que são utilizados na produção de cana-de-açúcar poderá aliviar os custos de produção. É o que revela o mais recente relatório do projeto Campo Futuro, executado pela CNA em parceria com o Senar e o Pecege, divulgado na terça-feira, 4.
Segundo o estudo, no mercado internacional de fertilizantes, os principais nutrientes se mostraram em movimento de queda ao longo do mês de fevereiro. No caso do Cloreto de Potássio, as negociações travadas no Porto de Nova Orleans, nos Estados Unidos, giraram em torno de US$ 380 por tonelada (regressão de 5% na comparação com o início do mês), reagindo a uma oferta acima da esperada provinda da Bielorrússia e ao alto nível de produto em estoques.
Os fertilizantes fosfatados iniciaram o mês a uma média de US$ 620 por tonelada em Nova Orleans e suas cotações terminaram o mês de fevereiro 4,8% menores – dando continuidade ao movimento de queda que se estende desde meados de novembro. Já a ureia regrediu 8% desde o início do mês de fevereiro, mantendo a tendência de queda que ostenta desde setembro de 2022.
Apesar dos preços aquém daqueles encontrados ao longo dos anos passados, o relatório afirma que o mercado se mostra aquecido no que diz respeito às negociações de ureia, fosfato diamônico (DAP) e fosfato monoamônico (MAP), com um movimento de antecipação aos desdobramentos destas quedas consecutivas. Deste modo, o volume negociado para ambos os fertilizantes atingiu recorde em certos parâmetros, tanto para atender às safras e safrinhas, mas também antevendo uma possível recuperação de preços.
Seguindo a tendência das cotações internacionais, o preço dos fertilizantes no mercado nacional para a maioria das formulações apresentou queda ao longo do mês de fevereiro, com destaque para a ureia. Em relação ao volume de comercializações, o período foi marcado por ligeira redução quando comparado ao mês anterior, de acordo com informantes.
Porém, de acordo com relatório, as perspectivas de negociações para 2023 continuam positivas, reflexo da possível estabilização dos preços dos insumos. A comercialização de corretivos agrícolas ao longo do mês de fevereiro seguiu a tendência de redução observada no mês anterior, onde a maior parte das compras para a safrinha de grãos 2023/24 já foram realizadas e o foco permanece no período de colheita da safra de grãos.
“Para a região Centro-Sul, foi observado leve aumento nos dois produtos analisados, justificado principalmente por reajustes em função do aumento de custos no processo produtivo, de acordo com informantes. A região Nordeste apresentou redução de aproximadamente 4% nos preços do calcário”, afirma o relatório.
No que diz respeito aos preços de defensivos químicos no mercado internacional, o estudo aponta qie existe um descompasso entre alguns dos principais representantes. Desde dezembro, há uma tendência de queda e/ou manutenção em valores mais baixos, como é o caso da Azoxistrobina, do Tebuconazol e do Imidacloprido. No entanto, alguns outros se mostram em recuperação de preços, respondendo a uma demanda mais agressiva, como o caso do 2,4-D e do Fipronil.
“Ainda em relação aos defensivos químicos, contatos das duas regiões avaliadas relataram aumento na comercialização de herbicidas. No Centro-Sul, o alto volume de chuvas impulsiona o crescimento de plantas invasoras, além disso, há a dessecação de algumas áreas de soja para a colheita. No Nordeste, mais uma vez, o aumento da demanda está ligado ao período da safra corrente”, disse o relatório.
Analisando a classe dos inseticidas e a variação dos preços para o mês de janeiro e fevereiro, o relatório mostrou que, para a região Centro-Sul, o destaque foi o Altacor, que apresentou alta de 24%. Já para a região Nordeste, o valor do Fipronil 800 g/kg sofreu acréscimo de 12%.
Por sua vez, o comportamento dos preços da matéria-prima, apurados pelos Consecanas estaduais, apresentaram pouca variação durante o mês de fevereiro para a maioria das regiões, com exceção do estado do Paraná, que teve redução de 6,3% para o período.
“No geral, as variações observadas refletem a perspectiva de menor produção da Índia com consequente redução na exportação, e atrasos da colheita de países como Austrália e Tailândia, que mantêm firmes os preços de açúcar no mercado internacional”, afirmou o relatório do projeto Campo Futuro.
Quanto ao etanol, o documento argumenta que a baixa disponibilidade na entressafra e o retorno dos impostos federais sobre os combustíveis sustentaram uma tendência de valorização. “Apesar do cenário de preços de matéria-prima (ATR) sem muitas oscilações, o movimento de retração nas cotações dos principais insumos utilizados no cultivo da cana-de-açúcar pode trazer um desafogo para o setor produtivo”, conclui.
Fonte:https://www.novacana.com/
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