Os preços da soja derreteram nesta quinta-feira (23) no mercado interno. A saca foi negociada a R$ 144 em Cascavel (PR), o menor valor desde dezembro de 2020, e em R$ 132,5 em Sorriso (MT), o mais baixo desde setembro daquele ano.
Na última semana, os produtores paranaenses de Cascavel perderam R$ 10,5 por saca, e os de Sorriso, R$ 12.
Boa parte dos agricultores não contava com essa redução tão acelerada. A queda é preocupante porque, na média, apenas um terço da soja deste ano foi comercializada.
Essa hipótese de queda, no entanto, não estava descartada, afirma Daniele Siqueira, analista da AgRural. O mercado ficou olhando muito para as perdas históricas da Argentina e não atentou sobre a possibilidade de uma confirmação da supersafra brasileira.
O volume brasileiro, apesar das quebras no Rio Grande do Sul, se apresenta ainda maior nesta reta final de colheita. Safra elevada e muito produto ainda para ser comercializado derrubaram os preços.
Em Chicago, o contrato de maio da soja em grão fechou a US$ 14,2, com recuo de 2% no dia. É a menor cotação da oleaginosa desde outubro de 2022. Os preços do óleo de soja retornaram para patamar de dezembro de 2021 e os do farelo, para o de dezembro último.
Os preços recuam fortemente porque a China pisou no freio nas compras novas de soja. As margens não estão favoráveis para a indústria no país asiático, e os chineses sabem que o Brasil vai ter de colocar um volume maior de soja no mercado internacional neste ano.
Além de uma demanda externa acomodada, os brasileiros têm de conviver com um deságio de US$ 0,70 por bushel (27,2 kg) para o produto negociado em Paranaguá em relação aos preços de Chicago. É o maior deságio desde maio de 2013, afirma Daniele.
A queda dos preços da soja em Chicago ocorre, ainda, devido à venda de contratos de soja, de farelo e de óleo por parte dos fundos de investimentos. Eles estavam com posição muito elevada e agora realizam lucros.
A amplitude dessa queda foi um pouco surpreendente, mas pode ser momentânea e, passado o susto, as atenções agora se voltam para a safra norte-americana 2023/24.
Os estoques norte-americanos estão baixos e, portanto, não haverá margens para quebras. Além disso, os argentinos estão sem fôlego para o mercado externo, afirma a analista.
Ainda no cenário externo, a demanda da China está fraca e o país deverá adquirir 97 milhões de toneladas na safra 2023/24, não muito diferente do que compraram na anterior, o que já indicava queda em relação a anos anteriores.
A persistir esse cenário, os produtores brasileiros não vão ter os mesmos patamares de preços de 2022, um ano para ser lembrado.
A soja é o principal produto agrícola nacional. A safra deste ano está estimada entre 151 milhões e 155 milhões de toneladas; as receitas dos produtores dentro da porteira deverão atingir R$ 387 bilhões, e as exportações poderão superar US$ 66 bilhões.
Fonte:https://www.biodieselbr.com/
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