O setor sucroalcooleiro vê com bons olhos a volta dos impostos federais sobre os combustíveis. Para o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, a medida tende a fortalecer o consumo do etanol. Isso porque a relação de preço deve ser mais positiva para o biocombustível, algo que, segundo ele, não era visto desde o início da última safra, em meados de maio do ano passado.
Conforme o dirigente da Siamig, a desoneração teve um efeito grande no setor, fazendo com que o etanol perdesse competitividade diante da gasolina e parasse de ser consumido. Campos ressalta que, em 2022, o consumo do primeiro combustível caiu 7,5% no Brasil, enquanto o do segundo subiu mais de 9,5%. Ele salienta que a volta dos tributos era um dos desafios para este ano e destaca que a decisão retoma o diferencial tributário entre os produtos, "importante para determinação de consumo entre um combustível limpo e um combustível fóssil".
Outra adversidade, segundo ele, se refere à incerteza com relação a como será a nova política da Petrobras e se haverá alterações. Campos reitera que o que "impera" hoje no País é o chamado preço de paridade de importação (PPI), mecanismo que reflete os custos totais para importação de um produto.
"Sabemos que a atual gestão da Petrobras é crítica a esse sistema e dizem que vão propor uma nova modelagem que nós não sabemos qual será e qual característica vai vir. A gente espera que não volte àquele período, principalmente, em que a ex-presidente Dilma (Rousseff) se manteve à frente do País, onde houve intervenção e muitos prejuízos tanto para Petrobras como para o setor de etanol. Esperamos que se essa política de preços for modificada, que seja de uma forma transparente com indexadores que o mercado conheça e que determine, de fato, uma realidade para o Brasil e previsibilidade para todo o mercado de combustíveis", diz.
Oferta
Neste mês se inicia o último período de entressafra e, de acordo com Campos, o setor se prepara para nova safra canavieira com tendência de forte recuperação. Ele ressalta que foi um bom verão em relação às chuvas e, provavelmente, a produção no Estado e em toda região Centro-Sul do País, deverá ter números recordes, com possibilidade de ser até superiores aos de 2020, quando a safra foi bastante positiva. Sendo assim, a oferta vai conseguir suprir o possível aumento da demanda pelo etanol com a reoneração dos impostos dos combustíveis.
"Com relação à oferta, a tendência é ser uma safra maior. Hoje nós temos no Brasil também o etanol de milho que já representa mais de 15% da produção nacional e é uma produção que ocorre no ano todo, não há sazonalidade entre safra e entressafra nessa produção. Então a oferta vai ter, vai aumentar e a tendência é que a gente tenha relação de preço mais competitivo com o etanol nos próximos meses", afirma.
Aumento nas bombas
A volta da cobrança do PIS/Cofins representa um aumento de R$ 0,02 por litro do etanol. Já o acréscimo na gasolina, de R$ 0,47 por litro. Porém, uma redução anunciada pela Petrobras para as distribuidoras de R$ 0,13 por litro, faz com que a alta da gasolina seja de R$ 0,34 por litro. Nas bombas, no entanto, o consumidor pode encontrar preços distintos, visto que os valores finais são escolhidos pelos empresários.
Além disso, por meio de nota, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), responsável pelos postos, ressalta que a gasolina comercializada nos estabelecimentos são do tipo C, cuja composição tem 27% de etanolanidro. Sendo assim, a diminuição feita pela estatal significa, na verdade, R$ 0,09 por litro.
De forma oposta ao setor sucroalcooleiro, o sindicato lamenta a reoneração dos tributos e diz que o setor "sofre os danos da alta dos preços, com evidente redução direta nas vendas na pista e necessidade imediata de aumentar o capital de giro". Atribui ainda a responsabilidade pela alta às distribuidoras e afirma que nas últimas semanas, as empresas "começaram a restringir a venda de combustível para os postos, além de realizarem aumentos de preços em decorrência da falta de produto do mercado".
Para maiores esclarecimentos, a reportagem procurou a Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural e Bicombustíveis (Brasilcom). A entidade que reúne oito sindicatos de distribuidoras brasileiras, dentre eles, o Sindicato das Empresas Distribuidoras de Combustíveis do Estado de Minas Gerais (Sindiminas), disse que "não se manifesta sobre composição de preços, pois isso é de critério de cada distribuidora".
Fonte:https://www.udop.com.br/
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