Mato Grosso aprovou a concessão de benefícios fiscais para a instalação de indústrias produtoras de biogás e biometano, combustíveis renováveis produzidos a partir de resíduos industriais, agropecuários e urbanos. O incentivo foi aprovado nesta quarta-feira, 28, pelo Conselho Deliberativo dos Programas de Desenvolvimento de Mato Grosso (Condeprodemat).
A solicitação de inclusão desses produtos no Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic) foi realizada pela Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt) e pelas Indústrias de Bioenergia de Mato Grosso (Bioind-MT).
Atualmente, o estado possui apenas uma planta industrial em construção no município de Nova Olímpia, com previsão de entrar em operação em 2024. Com o incentivo aprovado, a expectativa é de que mais grupos empresariais façam investimento nesta área.
Presidente da Fiemt, Silvio Rangel destacou que, para além de uma nova atividade econômica, esses biocombustíveis são alternativas de produção de energia limpa e barata em um cenário em que os combustíveis fósseis, como o petróleo, poluem o meio ambiente e estão sujeitos a volatilidade dos preços.
“A visão do futuro caminha em direção de fontes de energias renováveis, que diminuem o impacto ambiental quando comparadas com outros combustíveis, em que o biogás é visto como uma alternativa para a geração de energia elétrica em substituição ao gás natural”, afirmou.
Na sessão, o Conselho aprovou um crédito outorgado de 85% para as operações estaduais e de 90% para as interestaduais.
O secretário de desenvolvimento econômico de Mato Grosso, César Miranda, afirma que a produção desses combustíveis limpos tem um potencial grande em Mato Grosso e que o estado está ao lado do setor empresarial incentivando essa nova indústria.
“O governo do estado, por meio da atuação do Conselho, estará ao lado dos empresários e empreendedores incentivando a produção desse combustível limpo, que vai gerar emprego e ainda vai contribuir com o compromisso do estado no programa Carbono Neutro MT”, afirmou.
Investimento sucroenergético
A Uisa (antiga Usinas Itamarati) e a Geo Biogás irão produzir biogás e biometano a partir de resíduos do processamento de cana-de-açúcar. O investimento inicial das empresas é de R$ 300 milhões e a previsão de início das operações no ano que vem.
A produção dessa planta industrial terá vários destinos. Uma parte do biogás será utilizada para gerar energia elétrica que será direcionada para o consumo dos clientes atendidos pelas distribuidoras no mercado cativo. Outra parte será aproveitada na produção de biometano, que poderá substituir o uso de diesel em veículos e processos industriais.
Além disso, serão produzidos biofertilizantes que a Uisa utilizará no cultivo da cana-de-açúcar. A nova atividade irá reduzir custos e trazer novas fontes de receita para o complexo industrial da Uisa que já produz etanol, açúcar, energia elétrica e outros produtos
De acordo com o presidente do conselho diretor da Uisa, José Arimatea, Mato Grosso tem um potencial enorme nessa área diante dos resíduos disponíveis que podem ser utilizados para a produção desses biocombustíveis.
“Essa é uma oportunidade para muitas outras empresas se integrarem a esse movimento de descarbonização, há um espaço gigante para crescimento. Hoje temos a inauguração de um novo ciclo de negócios de Mato Grosso”, afirmou.
Biogás e biometano
Para a produção de biogás, são utilizados diferentes tipos de materiais orgânicos, como resíduos agrícolas, restos de alimentos, resíduos de processos industriais e até mesmo dejetos de animais. Esses materiais são introduzidos no biodigestor, onde são decompostos pela ação das bactérias em um ambiente anaeróbico.
No caso da produção de biometano, o biogás passa por um processo de purificação para remover os gases indesejáveis, como o dióxido de carbono e o sulfeto de hidrogênio. O resultado é um gás de alta pureza, composto principalmente por metano.
O biometano possui características semelhantes ao gás natural e pode ser utilizado como combustível em veículos, substituindo o diesel ou o gás liquefeito de petróleo (GLP). Além disso, também pode ser injetado na rede de distribuição de gás natural, tornando-se uma fonte renovável de energia para uso doméstico, comercial e industrial.
Fonte:https://www.novacana.com/
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