A Louis Dreyfus Holding BV comprometeu toda a sua participação na Raízen Energia como garantia em um empréstimo para acalmar credores de sua antiga subsidiária sucroenergética no Brasil, de acordo com pessoas a par do assunto.
A trading de commodities agrícolas controlada pela bilionária Margarita Louis-Dreyfus deve vender a participação de cerca de 3,5% que terá na Raízen para ajudar a pagar a dívida se a maior produtora de açúcar e etanol do Brasil emitir ações em bolsa de valores, disseram as fontes, que pediram para não serem identificadas porque as discussões são privadas.
Além disso, a Dreyfus deve receber uma fatia de 1,49% com ações resgatáveis da Raízen, que também serão usados para pagar dívidas, afirmaram.
A Dreyfus vai receber ações da Raízen após a venda da Biosev, anunciada em fevereiro, e deve amortizar cerca de metade da dívida da subsidiária. A gigante agrícola ainda será responsável pelo pagamento de R$ 4,1 bilhões em empréstimos da Biosev – dívida que oficialmente passará a ser do novo braço de investimentos da trading, a Hédera Investimentos e Participações.
Um porta-voz de Dreyfus não quis comentar.
A participação da Dreyfus na Raízen, joint venture da Shell e da Cosan, está avaliada em cerca de R$ 3 bilhões, disse uma das pessoas consultadas.
Para adquirir uma Biosev, a Raízen também vai pagar R$ 3,6 bilhões, ou cerca de 47% da dívida da subsidiária da Dreyfus.
O negócio ainda depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), regulador antitruste no Brasil.
Em 2018, a Dreyfus foi forçada a injetar US$ 1 bilhão na Biosev para poder estender os vencimentos da dívida da subsidiária, enquanto o negócio ainda estava afundando após vários anos consecutivos de preços baixos do açúcar e fraca demanda por etanol.
No ano passado, a Dreyfus concordou em vender uma participação de 45% de si mesma para um fundo de Abu Dhabi, abrindo a empresa familiar para participação externa pela primeira vez.
Cristiane Lucchesi e Isis Almeida
Fonte: Bloomberg