A Wartsila, empresa de tecnologias para mercados marítimos, está desenvolvendo um motor que pode ser movido tanto à etanol quanto à metanol, a fim de se valer dos combustíveis disponíveis na origem e no destino, detalhou o gerente de desenvolvimento de negócios da Wartsila, Lucas Correa.
De acordo com ele, existem projetos em Singapura e para Petrobras, por exemplo. “Olhamos para o etanol e esse movimento está ganhando forma. Falamos com FS, Raízen, Inpasa – todos defendem que o etanol verde seja uma opção para o combustível marítimo”, afirma Correa.
As informações foram dadas ontem, 1º, em São Paulo (SP), durante painel sobre o futuro dos biocombustíveis, realizado durante a décima edição do Teco Latin America, evento voltado para a cadeia produtiva de etanol de cereais.
“Olhando etanol de milho e de cana, temos pegadas muito interessantes e que se casam muito bem com os anseios de descarbonização do setor marítimo”, Lucas Correa (Wartsila)
Ele detalha que o motor em questão serve para determinados tipos de embarcações e que a empresa desenvolve opções conforme a demanda. “Mas existem muitos caminhos; embarcações menores devem usar biodiesel e, maiores, etanol e metanol”, explica.
O gerente de desenvolvimento de negócios da Wartsila ainda afirma entender que o problema do segmento marítimo não pode ser resolvido pelo produtor ou pelo operador, sendo preciso analisar o ecossistema. “Uma forma de descarbonizar é tornar a embarcação mais eficiente, além de transformar energia e análises diferentes formas de energia – como os combustíveis do futuro”, completa.
Já a Argus tem uma visão um pouco diferente quando o assunto é a descarbonização na ala marítima. Segundo o vice-presidente sênior de estratégia e desenvolvimento de negócios da Argus, Clayton Melo, a resposta no médio e longo prazo vista pela companhia são os combustíveis power-to-liquid (PtL), como o e-metanol e CO2. Ou seja, combustíveis sintéticos.
Ele explica que, atualmente, o preço do e-metanol varia de US$ 1,2 mil a US$ 1,6 mil por tonelada, conforme acompanhamento da Argus. “Pode cair ao longo do tempo, com ganho de produtividade pelo desenvolvimento da tecnologia”, completa.
Melo ainda detalha que o metanol sustentável tem pegada de carbono bem menor do que o metanol fóssil. O biocombustível tem várias aplicações industriais, sendo amplamente usado.
O executivo observa, ainda, que existem dois tipos de metanol: o metanol sustentável, que é produzido por resíduos de aterros sanitários, e o metanol renovável. Dentro desta segunda categoria, existe o biometanol (produzido com biomassa) e o e-metanol (produzido com captura de CO2).
“O e-methanol é energia elétrica liquefeita. É preciso de um hidrogênio verde, obtido por meio da eletrólise da água e ele está avançando a partir de diversos desenvolvimentos. O maior custo é a energia elétrica para converter a água em hidrogênio”, detalha Melo.
Ele também pontua que o setor de etanol de milho tem uma vantagem competitiva sobre o etanol de cana, pois tem CO2 na ponta na cadeia. “O Brasil tem CO2 biogênico sobrando, seja na cana ou no milho, assim como os Estados Unidos”, destaca.
Comments