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Crise do diesel? Europa vê risco de racionamento com guerra e sanções



Não é só a gasolina e o gás natural. A guerra na Ucrânia está afetando o mercado de diesel na Europa. As principais traders já mapeiam risco de racionamento. De acordo com a consultoria Energy Aspects, cerca de 500 mil toneladas de diesel exportados pela Rússia podem não chegar ao seu destino em março, em grande parte devido ao temor de retaliações.


Os Estados Unidos discutem uma extensão das sanções a bancos que fizerem negócios com instituições russas. Mesmo sem isso, o mercado já estava mais cauteloso em relação a aquisições realizadas de fornecedores ligados a Moscou. “Há uma questão de reputação e preocupação em ser envolvido em algum tipo de ramificação das proibições ou restrições de negociação com empresas de capital russo”, diz Rivaldo Moreira Neto, sócio-diretor da consultoria Gas Energy.


Fenômeno semelhante vem acontecendo em relação ao petróleo. Hoje, 66% do óleo russo tem dificuldade em encontrar compradores, segundo o JPMorgan, maior banco em valor de mercado do mundo. O setor, atento a possíveis enroscos com pagamentos feitos a empresas russas, colocou o pé no freio em negócios com a nação liderada por Vladimir Putin.

De acordo com a Gunvor, uma das maiores empresas de exportação e importação de commodities do mundo, a nova postura dos compradores internacionais vem provocando ajustes de produção na Rússia, diante de uma demanda menor. A expectativa é de uma redução principalmente de exportação de produtos refinados, como o diesel.


Com a pandemia, os estoques de diesel na Europa atingiram o nível mais baixo desde 2008, o que representa cerca de 35 milhões de barris a menos do que há cinco anos.

O continente europeu, fortemente dependente das exportações russas, se encontra mais exposto à crise que vem se desenhando. Metade do diesel que abastece a Europa vem da Rússia – a outra parte é exportada pelos países do Oriente Médio, segundo a trader Vitol.

Ao mesmo tempo, as maiores petroleiras mundiais vêm anunciando a decisão de se desfazer de posições na Rússia, inclusive no que diz respeito à produção e exportação de diesel. A última a integrar o time foi a TotalEnergies. A companhia informou que deve encerrar os contratos de aquisição de diesel russo até o final do ano.


A intenção é importar derivados de petróleo de outros países, especialmente da Arábia Saudita. Há dúvidas, no entanto, sobre a capacidade dos países do Golfo em suprir uma demanda que, no caso do diesel importado pela Europa, chega a pelo menos 1 milhão de barris por dia.


Nos Estados Unidos, a situação também é considerada preocupante. Os estoques de diesel se encontram 20% abaixo do nível pré-pandemia – são 30 milhões de barris a menos do que seria considerado confortável. Em Singapura, um polo global de comercialização de energia, os inventários também estão baixos: faltam cerca de 4 milhões de barris para se chegar ao montante de cinco anos atrás.


A crise do diesel não afeta só os estoques. O preço do produto aumentou 50% apenas em março na Europa. E, por enquanto, não deve dar trégua.


Fonte: www.biodieselbr.com



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