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Combustíveis em alta: Etanol sobe mais que gasolina e perde competitividade

Pesquisa da ANP foi realizada apenas em 168 cidades; Minas Gerais, Mato Grosso, São Paulo e Mato Grosso do Sul têm renovável comercialmente competitivo



Os destaques sobre o preço do etanol na semana de 14 a 20 de fevereiro:

  • Preço médio da gasolina nas cidades pesquisadas subiu 1,74% e o do etanol, 2,02%

  • Na média nacional, o valor do combustível renovável correspondeu a 68,7% do preço de comercialização do fóssil

  • O consumo de etanol segue economicamente vantajoso apenas na média de algumas cidades de Minas Gerais, Mato Grosso, São Paulo e Mato Grosso do Sul

  • O biocombustível segue subindo nas usinas de São Paulo, Mato Grosso e Goiás



A semana de 14 a 20 de fevereiro registrou novos aumentos para os preços dos combustíveis nos postos, como vem sendo observado desde a segunda quinzena de dezembro. A informação é do levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).


No caso do etanol, que subiu 2,02%, passando de R$ 3,311 por litro para R$ 3,378/L, houve também aumento no valor cobrado pelas usinas dos principais estados produtores. Conforme os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP, o hidratado subiu 12,43% em São Paulo, 8,19% em Mato Grosso e 8,5% em Goiás entre 15 e 19 de fevereiro.


Conforme o Cepea, esta foi a valorização mais expressiva para o renovável desde o início da safra 2020/21, em abril do ano passado. De fato, por mais que os aumentos estejam ocorrendo semanalmente, esta é a primeira vez em que eles atingem tamanha diferença nos três estados.


Já a gasolina subiu 1,74% na semana analisada, indo de R$ 4,833/L para R$ 4,917/L. Neste caso, a sucessão de aumentos nas refinarias e o decreto presidencial que obriga os vendedores a informarem a composição do valor do combustível estão trazendo diversas discussões sobre o que influencia os preços e como isso é repassado para o consumidor.


Independentemente das justificativas, os aumentos observados na semana analisada desfavoreceram o etanol, cujo preço correspondeu a 68,7% do valor cobrado pela gasolina. A relação ainda está abaixo do limite comercialmente estabelecido em 70%, porém este é o primeiro aumento no indicador desde dezembro.


É importante reiterar que todas essas comparações não são exatamente precisas, já que o levantamento dos preços de combustíveis da ANP ainda não está sendo realizado em todas as cidades brasileiras.


Na semana analisada, foram pesquisados os postos de 168 municípios, 14 a mais do que os do período anterior. Desta forma, a comparação semanal segue comprometida, uma vez que o número de localidades pesquisadas muda a cada análise.


Variações nos estados

Na semana de 14 a 20 de fevereiro, o preço do etanol subiu na média de todos os estados e no Distrito Federal, com exceção do Rio de Janeiro. Além disso, mais uma vez, o hidratado não pôde ser comparado no Amapá. Já a gasolina caiu em quatro estados.


Em São Paulo, maior produtor e consumidor de etanol no país, o preço médio do renovável subiu, fazendo com que ele se aproxime do limite comercialmente estabelecido e ficando em 69,7%.


Na semana, a pesquisa foi feita em 49 cidades paulistas, seis a mais do que no período anterior. A desvalorização veio do aumento de 2,58% no preço médio nos postos, que chegou a R$ 3,223/L, ainda o menor do país, enquanto o valor da gasolina subiu menos, 1,67%.


Em Mato Grosso do Sul, o movimento foi similar e ambos os combustíveis tiveram elevação: 2,09% no caso do etanol, que ficou em R$ 3,513/L, e 1,89% no da gasolina. Desta forma, o renovável se desvalorizou levemente, com a relação entre os preços ficando em 69,9%.


Por mais que ainda esteja bem próximo do limite de 70%, este é o segundo menor valor para o indicador desde outubro de 2015. No estado, a pesquisa segue sendo realizada apenas na capital Campo Grande e em Dourados, fazendo com que a comparação semanal seja precisa.


Em Goiás, por sua vez, o etanol subiu apenas 0,03% e ficou em R$ 3,517/L. Como a gasolina caiu 0,48%, a relação entre os preços aumentou para 71,2%, novamente acima do limite de competitividade para o hidratado. O número de municípios pesquisados no estado, diferentemente das duas semanas anteriores, subiu para três.


Minas Gerais segue registrando o etanol mais competitivo do país, com um indicador de 66,1%, relação ainda mais baixa do que a da semana anterior. Isso se deveu ao maior aumento para a gasolina, de 2,81%, enquanto o renovável subiu 2,3% e ficou em R$ 3,334/L. O número de municípios mineiros participantes na pesquisa teve novo crescimento e chegou a 14.


Mato Grosso, por sua vez, manteve as três cidades participantes do levantamento: a capital Cuiabá, Várzea Grande e Cáceres. Nelas, o etanol subiu 2,64% no comparativo semanal e ficou em R$ 3,269/L, ainda o segundo menor valor do país. Como a gasolina subiu 1,93%, a relação entre eles caiu para 67,4%, a segunda mais competitiva para o renovável.


No Paraná, o número de cidades pesquisadas subiu para dez. Na média delas, o renovável apresentou aumento de 2,39% e a gasolina, de 1,33%. Desta forma, a relação entre os preços ficou em 72,6%, acima do limite considerado economicamente favorável para o consumo do biocombustível e maior do que a registrada na semana anterior.


Os preços do etanol e da gasolina por região, estado ou cidade desde 2001 estão disponíveis na planilha interativa (exclusiva para assinantes). Também estão disponíveis gráficos avançados e filtros interativos sobre o comportamento dos preços.


Comparação comprometida

Após mais de dois meses em pausa, o levantamento de preços nos postos voltou a ser realizado semanalmente no final de outubro de 2020. Ainda assim, as comparações entre as análises não são precisas, já que o número de municípios pesquisados vem mudando semanalmente, conforme já era previsto pela ANP.


Entre 14 e 20 de fevereiro, 168 cidades foram pesquisadas, 14 a mais do que no período anterior. O levantamento inclui todas as capitais, exceto Macapá (AP), no caso do etanol. O estado não apresenta qualquer dado desde o retorno da análise. Além disso, algumas localidades deixaram de ser pesquisadas no comparativo semanal.


Apesar da progressão no número de cidades, o total está bem abaixo do objetivo divulgado pela ANP: 459. A agência vem demonstrando dificuldades em cumprir com o esperado em relação ao levantamento desde a pausa, quando tinha uma expectativa de data de retomada que não foi atingida e atrasou mais de um mês.


Com este retorno gradual, os números seguem não correspondendo à média dos postos dos estados como ocorria antes da pausa. A comparação semanal também deve ser observada com cautela, já que a amostra pode aumentar ou diminuir semanalmente.



Rafaella Coury

Fonte: Nova Cana


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