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Com preço em queda, milho safrinha dá prejuízo a agricultor

Foto do escritor: Ecoflex TradingEcoflex Trading

O avanço da colheita de milho safrinha do ciclo 2023/24 no Brasil ampliou a oferta no mercado doméstico e fez com que os preços do cereal caíssem abaixo do custo de produção em quase todas as praças de negociação.

Em Mato Grosso, principal estado produtor de milho do Brasil, o agricultor só não está amargando prejuízo por causa da alta recente do dólar. Com a depreciação cambial, a cotação do milho no estado já avançou 12% desde o início de julho e, até esta quinta-feira, 25, estava em R$ 40,17 a saca, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Mesmo assim, o valor está ligeiramente acima dos R$ 39,62 que foram necessários para custear a safra 2023/24.

Esse panorama deixa o produtor de Mato Grosso no “zero a zero” e cria um ambiente desfavorável para o investimento no plantio que será feito em 2025, avalia o superintendente do Imea, Cleiton Gauer.

“O desenho inicial da safra 2024/25, em termos de margem, está pior em relação à temporada atual. Considerando as médias de produtividade e custo, o agricultor já está operando com prejuízo para a próxima temporada”, afirma.

O câmbio acima dos R$ 5,50 beneficia as exportações brasileiras e ajuda a reduzir a pressão sobre os estoques, diz Leandro Guerra, da LC Guerra Corretora de Cereais. Nesta quinta-feira, o dólar fechou em R$ 5,6478. A expectativa é que o armazenamento de milho deve aumentar até o próximo ano caso não haja uma reação nos preços, avalia o especialista.

Até mesmo em regiões onde a estimativa para a safrinha diminuiu, como é o caso do Paraná – segundo maior produtor nacional – o preço não reagiu como esperado. O valor da saca no estado oscila entre R$ 48 e R$ 50 e não cobre os custos de produção, de R$ 74 a saca.

O que ocorre no Paraná é que as perdas esperadas para a safrinha são pontuais e não têm impacto sobre as cotações no momento, afirma o analista Luiz Pacheco, da T&F Consultoria Agroeconômica.

O Rio Grande do Sul é, hoje, o estado onde se negocia a saca de milho mais cara do Brasil, segundo a T&F. Mesmo assim, o preço está em R$ 65, enquanto o custo de produção foi de R$ 73,60 por saca.

Em Goiás, produtores de Rio Verde estão recebendo R$ 47 a saca, de acordo com a consultoria. Mas o custo de produção foi de R$ 56 a saca, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Nos estados do Sul, o preço do milho teria que estar em no mínimo R$ 75 a saca para amenizar o quadro de aperto nas margens do produtor, estima Pacheco.

O preço do milho vem despencando desde o início de 2024. O indicador Esalq/BM&Bovespa, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), ficou ontem em R$ 58,91 a saca. O valor é bem inferior aos registrados em janeiro, quando a saca superou os R$ 71.

Com preços pouco atrativos, produtores estão segurando ao máximo as vendas na tentativa de diminuir o impacto em suas margens. Segundo o consultor independente Vlamir Brandalizze, a comercialização do milho safrinha de 2023/24 está no momento em 40% da produção, enquanto a média seria algo próximo dos 50%.

Expectativa de alta

Para Brandalizze, a cotação pode se recuperar até o fim do ano, especialmente com o fim da colheita no Brasil. Até 21 de julho, os produtores brasileiros já haviam colhido 97,8% da área de milho safrinha, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

“Daqui até o fim do ano podemos ver o preço subir até R$ 10 por saca devido a um cenário de oferta restrita e necessidade dos compradores, que precisarão pagar mais para conseguir produto. O setor de etanol, por exemplo, começa a demandar a partir de outubro”, diz Brandalizze.

Por enquanto, porém, a realidade é de prejuízo. “Talvez seja o pior momento do ano em termos de preço ao produtor. Na hora da comercialização, ele vende só o necessário para pagar algumas contas”, diz Leandro Guerra.


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