Ao divulgar os números do trimestre nesta segunda-feira, 10, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, fez questão de enfatizar que a entidade não participa oficialmente das discussões com o governo para resgate do carro popular. Mas deu nome ao projeto que visa oferecer condições para a oferta no país de um modelo mais simples e mais barato: “carro verde de entrada”.
“Não é um debate que impacta em todos os associados da Anfavea, por isso as montadoras interessadas no projeto estão falando direto com o governo”, explicou o executivo. Ele disse nada ter definido com relação ao conteúdo desse novo carro verde, mas adiantou ter ouvido informações de que poderia haver um adicional de 300 mil veículos 0 km no mercado este ano caso o projeto saia do papel.
O resgate do carro popular foi abordado inicialmente pelo presidente da Stellantis, Antônio Filosa, e na sequência recebeu apoio do presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), José Maurício Andreta. O CEO da Volkswagen Brasil, Cirto Possobom, por sua vez, deixou claro não haver consenso em torno da ideia.
Apenas duas marcas, a Fiat, pertencente a Stellantis, e a Renault têm hoje um modelo que é chamado de entrada, no caso o Mobi e o Kwid. Ambos têm preços que partem de R$ 70 mil e, com isso, poderiam ganhar a chamada versão “verde” com mais agilidade.
Pelas discussões em andamento, o carro verde de entrada teria menos itens de conforto e segurança, mas sem ferir as atuais legislações vigentes no país. Seria, assim, um modelo menor e mais simples. Além disso, teria alíquotas de impostos diferenciadas e provavelmente redução de margem da montadora e da concessionária.
“Tudo ainda está em discussão”, afirmam os envolvidos no projeto. Questionado se um dos itens em pauta é fazer um modelo movido exclusivamente a etanol, e não flex como são os atuais carros produzidos no Brasil, o presidente da Anfavea disse que “o etanol é um grande apelo verde e de baixo custo”.
Com isso, ele nem confirmou e nem negou a pergunta. Simplesmente complementou dizendo que o objetivo é a redução de emissões, ou seja, o veículo a etanol é mais uma opção em discussão na mesa.
Sobre essa questão, contudo, o presidente da Fenabrave já havia dito que seria difícil ter um carro movido 100% a etanol por causa do abastecimento desse combustível. Lembrou, inclusive, quando os carros a álcool dominavam a venda no país e a falta do combustível gerou um caos.
No contexto do carro verde de entrada, ele aponta que também estaria em negociação a revogação da frota de veículos leves, com incentivos para quem tem um carro muito velho trocar por um menos usado. Já há programa similar no caso dos veículos pesados, chamado Renovar Auto.
Outro ponto em pauta é a criação de condições mais favoráveis de crédito. O presidente da Anfavea citou o caso do Chile, que conseguiu aquecer fortemente o mercado interno a partir da liberação do Fundo de Previdência para compra de carro.
“Esse fundo é similar ao nosso FGTS. A ideia seria, por exemplo, retirar 25% do valor do fundo para comprar um carro novo. Certamente uma medida do gênero movimentaria o varejo e incrementaria a venda de veículos no mercado brasileiro”.
Fonte:https://www.novacana.com/
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