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Combustíveis eram adulterados até três vezes antes de chegar em postos no Piauí


Caminhoneiro preenche volume de combustível subtraído do caminhão com água. (Foto: Polícia Rodoviária Federal/ Divulgação)

Dezenove pessoas foram presas, entre caminhoneiros, gerentes e proprietários de distribuidoras. PRF apreendeu 35 mil litros de combustível adulterado. A Operação Estanque desarticulou uma organização criminosa que atuava há pelo menos oito meses com a adulteração de combustível e era responsável por abastecer postos de Teresina e cidades do interior do Piauí. Ao todo foram apreendidos 35 mil litros de combustível, entre álcool, gasolina e diesel, tanto em caminhões como armazenados em casas.


Dezenove pessoas foram presas, entre motoristas de caminhão, gerentes de empresas distribuidoras e clientes do esquema.De acordo com o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), promotor Rômulo Cordão, o esquema era articulado por funcionários de duas distribuidoras de combustível de Teresina. As prisões aconteceram nas cidades de Teresina, Capitão de Campos, Piripiri e em Peritoró, no Maranhão.Caminhoneiros eram contratados pelas distribuidoras de combustível com um determinado salário, mas recebiam bem abaixo do valor. A contrapartida dada pelos empresários era que os próprios caminhoneiros retirassem o equivalente em gasolina de dentro dos caminhões e vendesse por conta própria. Ao chegar às distribuidoras, o volume retirado era restituído com produtos como água, etanol ou soda cáustica.“A primeira subtração acontecia na estrada, entre o Terminal Aquaviário de São Luís e a transportadora.


Ao chegar em Teresina, dentro da garagem da transportadora, o combustível era mais uma vez subtraído e adulterado. Havia a participação muitas vezes a participação das empresas de transporte de combustível. Antes de chegar aos postos de combustível em Teresina ou no interior do Piauí, o combustível era subtraído e adulterado pela terceira vez”, explicou o promotor Rômulo Cordão.Armazenamento e venda ilegal de combustível.


Dos 23 mandatos de prisão que foram expedidos para a operação Estanque, 15 foram destinados a motoristas de caminhão suspeitos de participar do esquema e revender o combustível subtraído de forma irregular.


Cinco caminhões foram apreendidos pela Polícia Rodoviária Federal do Piauí. (Foto: Andrê Nascimento/ G1 PI)


“Esse combustível era guardado em casas, sem nenhuma segurança. Em um único imóvel, na cidade de Peritoró, no Maranhão, foram apreendidos mil litros entre álcool, gasolina e diesel”, informou o promotor Rômulo Cordão.


A investigação descobriu ainda que o combustível era vendido para pessoas que sabiam do esquema por valores bem abaixo do valor de mercado, que também estão entre os presos pela operação Estanque, sob suspeita de receptação. “Eles também responderão por organização criminosa”, disse Rômulo.


Crimes trabalhistas A investigação contou ainda com a participação do procurador do trabalho Edno Moura. Ele afirmou que há indícios de que os motoristas eram expostos a condições degradantes de trabalho e fraude fiscal.


Promotor Rômulo Cordão (esquerda) e o procurador do trabalho Edno Moura. (Foto: Andrê Nascimento/ G1 PI)


De acordo com a investigação do Ministério do Trabalho, os funcionários recebiam salários inferiores ao que estava previsto no contrato. “O que de certo modo estimulava para que as adulterações ocorressem”, comentou o procurador Edno Moura.


Além desta irregularidade, durante a operação foram encontrados vestígios de trabalho degradante, por conta das péssimas condições de alojamento em uma das empresas investigadas.


“A jornada de trabalho era exaustiva, e isso acabava forçando esses funcionários a utilizar medicamentos e drogas, como o arrebite, para ficar na estrada mais tempo. Os empregadores, cientes dessa situação, eram coniventes. Muitos desses motoristas não gozavam férias e sequer a folga semanal”, disse o procurador Edno Moura.


Pelo menos um dos presos pela operação é um empresário, proprietário de uma distribuidora de cargas, suspeito de contratar onze motoristas de caminhão. Outros três seriam gerentes e coordenadores de logística de transportadoras.


Ainda de acordo com o promotor Rômulo Cordão, estes crimes podem ser usados pelos caminhoneiros presos como argumento para alegar serem obrigados a praticar os crimes de adulteração e revenda irregular de combustível.


Fonte: G1

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